Alcançar soluções baseadas na própria natureza para a transição climática é o elemento estratégico que aproxima a Abicab da COP30 Brazil. Fazem parte dos nossos pilares a segurança do alimento, a inovação e o desenvolvimento sustentável.
Em Belém, no Pará, representantes de mais de 160 países trataram de construir uma missão que não é simples, mas prioritária.
A par das muitas propostas apresentadas pelo Brasil, entre elas a criação de um fundo permanente para florestas tropicais, destaco um importante trabalho, já em execução, e que se insere nos conceitos e objetivos da COP30. Trata-se da agricultura regenerativa, em especial no cultivo do cacau que pode assumir o papel como cultura redutora de Gases de Efeito Estufa (GEE) e promover a restauração de ecossistemas. Destaco, ainda, que a indústria do chocolate já vem há tempos implementando parcerias com pequenos a grandes agricultores em busca de sustentabilidade e inovação em toda a cadeia produtiva do cacau, em especial na biodiversidade amazônica e com os povos originários que há muito cuidam de proteger e recuperar as florestas brasileiras.
O Plano Inova Cacau 2030, coordenado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, diversos órgãos governamentais e entidades civis e privadas, entre elas a Abicab, promove a manutenção da cultura do cacau nos biomas Amazônico e Mata Atlântica, seja no sistema de consórcio com outras plantas, ou no chamado Cabruca (integração das árvores de cacau com a floresta nativa) ou a pleno sol, sempre observando as normas do Código Florestal Brasileiro.
O Plano propõe a revitalização de 100.000 hectares até 2030, por meio de adequação da densidade de cacaueiros por hectare e a renovação dessas áreas, aumentando produção e produtividade. A indústria do chocolate apoia esse propósito consoante nossos próprios pilares.
Tais pressupostos têm forte identidade com as principais prioridades nacionais relacionadas a mudanças do clima e preservação da biodiversidade, devendo facilitar o alcance das contribuições brasileiras determinadas (NDC, National Determined Contribution) junto à ONU-Habitat Brasil ONU (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – UNFCCC) e Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).
A cultura do cacau vem se posicionando aos ditames da economia verde, uma vez que as mudanças contidas no Plano Inova Cacau 2030 contribuirão para o alcance direto de pelo menos 11 dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
O nosso chocolate só tem a agradecer e apoiar a agenda da agricultura regenerativa. Afinal, a doçura só faz sentido se for sustentável.
Jaime Recena
Presidente Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas – Abicab